domingo, 23 de dezembro de 2007

all souls

Este é o último livro que vou conseguir resenhar ainda neste ano. Ao final este foi um ano especial (rima pobre, fazer o quê?) mas este último também é um livro especial. Ganhei-o ainda em Madrid, presenteado por uma grande amiga. Fui lendo aos pouquinhos, talvez para manter a sensação boa de estar a fazer algo que lembrava a viagem e as conversas com os amigos. Terminei nestes dias de pré-festa de Natal. Cristina e eu na verdade nós trocamos livros (debolsillo! ela fez questão de dizer). Mais disciplinada ela já havia terminado aquele que eu havia lhe dado. Sombrio demais ela reclamou (meio de broma, meio preocupada com meu humor). Foi um dos livros semi-autobiográficos do Coetzee, um livro que eu gostei muito de ler no ano passado, mas ele é mesmo um tanto sombrio, mas foi o melhor que eu pude encontrar em espanhol naquele dia no El Corte Inglês. Ela achou este Javier Marias e intuiu que eu gostaria, pois disse que o tema é caro a nós, professores universitários que se encontram em outros países, em outras línguas. "Todas las almas" foi publicado em 2006 e segundo consta é o primeiro livro de Javier Marias onde há temas tão francamente autobiográficos. Ele é um escritor renomado, ganhador de muitos prêmios literários, mas também professor universitário respeitado da Complutense de Madrid e da Universidade de Oxford (descrita sem pejo neste livro), tradutor premiado do Tristram Shandy, entre outros predicados. Há uma nota longa no final do livro onde o autor tenta explicar as diferenças entre o eu narrador do livro, que experimenta um ano sabático na Universidade de Oxford e o eu autor, Javier Marias, de carne e osso, que resolveu contar uma história onde realidade e ficção são muito bem tramadas. Gostei muito do livro. Todo aquele que já teve a experiência acadêmica de ir trabalhar em um lugar diferente de onde está acostumado vai se identificar muito com este livro. Cada capítulo dá conta de uma destas experiências que são banais, mas plenas de significado para o viajante, pois quando viajamos estamos mais nus de que gostaríamos, mais vulneráveis, menos amparados pelo hábito e pelas circunstâncias. A academia, o amor, a amizade, a "estrangeirisse", a memória filtrada de cada gesto, a quase impossibildade de se entender uma outra cultura, um outro povo, uma outra pessoa, tudo está ali neste "Todas las almas", que aliás é o nome de um dos College de Oxford. Há um tanto de Lawrence Durrell nesta novela (de fato um dos personagens do livro é personagem também de Durrell). Lembrei do Fernando Landgraf, que me dizia fazer falta um livro que descrevesse o mundo dos encontros científicos, das viagens, das publicações, da vida acadêmica. Vou recomendar este livro para ele bem como para meus amigos que são verdadeiros "pci", ou puta-cientistas-internacionais, como gosto de dizer. Belo livro, belo presente. Obrigado Cristina.
Todas Las Almas, Javier Marías, editorial Debolsillo, 1a. edição (2006) ISBN: 978-84-8346-139-6
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Balanço final [24.12.2007]

Fiquei feliz de ter terminado "Todas las almas" ainda neste ano. Foi um ano de muita "espanholice"; da descoberta do Montalbán; das leituras de Perez-Reverte, Roberto Bolaño, Camilo José Cela e Sergi Pamiés no original; das leitura de Durrell, Wodehouse, Coetzee, Garcia-Roza, Pamuk, O'Brian, e tantos outros; de alguma leitura de poesia, sempre uma falha minha; de solenes bobagens e equívocos também, pois perdi algum tempo em coisas terríveis também. Foram 86 livros (e se é que a classificação foi correta são 23 romances, 14 de crônicas ou ensaios, 12 romances policiais, 8 de poemas, 7 de contos, 5 novelas, e 17 de outros gêneros (biografias, culinária, memórias, cartuns ou mangás, mini-contos, infanto-juvenis, ficção científica). Vamos a ver o que se passa em 2008. Há muita coisa "in progress" e muitos separados para leitura (alguns separados desde 2006, 2005, 2004, confesso), mas não é verdade que os livros têm alma própria e escolhem seus leitores somente quando estes estão preparados? Vale.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

não é difícil compreender

Em um dos encontros com o povo das quintas-feiras ganhei este livrinho. Quem será que foi mesmo o presenteador? Esqueci. Deixei o livro guardado em um desvão lá de casa, dona Leda deve ter colocado outros em cima dele, esqueci-me totalmente até que ele saltou-me aos olhos noutro dia e pude enfim retomá-lo. Escrevo tanto para chegar a um nada, pois achar e ler este livro foi mesmo um azar só meu. São dois conjuntos de dez, doze contos: um intitulado "Não é difícil compreender os ETs", que dá nome ao livro e outro "Valsa do poderoso chefão". São contos algo frouxos para o meu gosto, pois parecem querer terminar rapidamente, não por falta de técnica ou apuro, mas por falta do que mais dizer. Parece que este açodamento deve ser entendido como uma virtude, em detrimento dos mais saudáveis hábito (fiel camareiro, lembra o Proust) e a paciência (senhora do tempo, lembra Durrell). Inegavelmente Laís Chaffe domina a técnica de escrever bem, não comete erros bobos, tem estilo definido, mas eu acho que as histórias são quase irrelevantes. Nos contos mais longos, quando ela deixa o texto continuar, ela ganha algo de força. De resto tudo me parece artificial demais, com metáforas demais, adjetivos demais, advérbios demais. Na segunda parte os contos são mais oníricos, mais mágicos, esfumados, fantasmagóricos, góticos até. Lembrei da Dorothy Parker, que dizia que há livros que devem ser esquecidos na mesa de cabeçeira, pois isto faz bem a eles, devemos mesmo esquecê-los. No último livro que li (e resenhei aqui) "O livro dos livros perdidos" ficamos sabendo da imensidão de textos que se perderam ao longo dos séculos, por força do fogo, da água, do homem. Neste início de século, onde há tanto por se ler, talvez seja pretensão demais acreditar que tudo o que escrevemos tem alguma chance de sobreviver algo mais que o nosso curto período de vida. Há livros que são mesmo dispensáveis e a vida é curta. Talvez a sabedoria esteja mesmo em classificar melhor o que se ler e investir em livros mais nobres. Vou refletir sobre isto quando começar a lista dos livros a serem lidos em 2008 (um ano bissexto, com um dia a mais de tempo para a vida e a leitura).
Não é difícil compreender os ETs, Laís Chaffe, editora AGE, 1a. edição (2002) ISBN: 85-7497-099-0

perdidos

Apresentado com uma história das grandes obras que nenhum leitor jamais lerá "O livro dos livros perdidos" de Stuart Kelly é um catálogo com textos curtos sobre autores cujas obras se perderam ou sobreviveram apenas fragmentariamente. A escolha dos textos e dos autores é arbritária. O próprio autor confessa que está focado na tradição ocidental da literatura e que há miríades de obras em todos os cantos do planeta (em muitas e variadas línguas, conhecidas e desconhecidas) que foram perdidas igualmente. Não que a seleção apresentada por ele seja ruim, mas uma obra com a pretensão de identificar o que não-existe, ao contrário de catalogar o que existe, está previamente sufocada pela vastidão e incompletude. Os livros citados por ele não são apenas os queimados, rasgados, destruídos a marteladas, mas também aqueles simplesmente interrompidos ou abandonados por seus autores. As quase setenta escolhas de Kelly são bastante saborosas. Eu não desconhecia que apenas fração das obras dos autores clássicos gregos e romanos sobreviveram até nosso século XXI, mas não tinha idéia de que esta fração era tão pequena (em geral um décimo ou menos da produção de um grande autor sobrevive, ficamos sabendo). Há autores menos conhecidos de quem sabemos apenas o título de um ou outro livro, de uma passagem obscura de um poema, de uma citação amarga ou entusiasta feita geralmente fora de um contexto adequado. Desde Homero e passando cronologiamente a Eurípides, Ovídio, Dante, Racine, Ésquilo, Shakespeare, Dickens, Gogol, Chaucer, Carlyle, Pound, Eliot, Burroughs, Plath, Hemingway, dezenas e dezenas de poemas, dramas, ensaios e romances são catalogados. Nada é perene sobre o sol parece nos lembrar o autor. A edição é bem cuidada. Há um índice bastante útil e uma curta conclusão onde somos lembrados que nem a tecnologia atual pode previnir o que quer que seja da segura destruição em um futuro remoto. O acaso parece ser o guia ex-machina que traz este legado do passado a cada um de nós. Isto é a vida, e dela não se ri. Todo aquele que já perdeu um texto no computador por conta de um acidente qualquer ou mesmo aquele que tem pretenções literárias (e sonhos de imortalidade) vai gostar de ler este livro. Acho que é um livro bom de se ler pois diz muito sobre o que foi perdido mas também nos apresenta o que vale a pena ler do material remanescente de cada um dos sujeitos que teve a sorte de sobreviver a fúria inexorável e implacável do tempo.
"O livro dos livros perdidos", Stuart Kelly, tradução de Ana Maria Mandin, editora Record, 1a. edição (2007) ISBN: 978-85-01-0752-4

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

lua

Muitos anos atrás, ainda quando era um estudante de graduação, li os dois livros de memórias de David Niven. São dois livros deliciosos, cheios de histórias engraçadas em rápida sucessão. Em um capítulo estamos com David Niven em um internato inglês dos anos 1920, depois em uma sonolenta reunião do exército britânico em uma ilha distante do mediterrâneo, vendendo whisky falsificado nos EUA, namorando moças bonitas do Waldorf Astoria (sem estar hospedado lá), fazendo pontas em infindáveis filmes de segunda linha. A correria segue até vê-lo depois em uma batalha da segunda guerra mundial, voltando aos EUA, logo esquiando nos alpes suiços, velejando, contando histórias, filmando aqui e acolá com amigos e desafetos, escrevendo livros, descrevendo conversas com princípes e outras potestades, sempre dando a impressão que o terno bem cortado, a coluna ereta e o copo de gin tônica na mão faziam parte de um tipo de uniforme de trabalho. Até hoje conto algumas das histórias mais incríveis para os amigos. Especialmente "A lua é um balão" é um de meus livros favoritos. Esta biografia "O outro lado da lua" conta um tanto mais dos muitos problemas financeiros e profissionais pelos quais David Niven passou. Talvez por ter natureza extremamente fleumática e prática tentasse sempre relevar as dificuldades ou mesmo rir de si mesmo como alternativa a depressão. Sheridan Morley dá pistas para entendermos melhor as circunstâncias que o levaram a ter uma carreira tão prolífica (quase 100 filmes) onde apenas um punhado deles (menos de 10) têm algum valor cinematográfico. Gostei de ler esta versão. Cada um de nós tem camadas sucessivas de revelações pessoais para oferecer e não há porque aceitar como definitivas as primeiras avaliações, os primeiros contatos. A descrição dos últimos anos de sua vida, padecendo da doença de Lou Gehring (uma perda crônica do tônus muscular) é muito bem escrita e dignificante. De qualquer forma acredito que vale a pena ler os livros de Niven antes de embarcar nesta biografia. Cabe dizer também que apesar da edição conter um bom índice onomástico e uma completa cinematografia de Niven, a tradução é repleta de erros óbvios que irritam o leitor. O clássico "a importância de ser ernesto", no lugar de "a importância de ser prudente" (um trocadilho de uma peça de Oscar Wilde) é o menor deles.
"David Niven, o outro lado da lua", Sheridan Morley, tradução de Reinaldo Guarany, editora Francisco Alves, 1a. edição (1989) ISBN: 85-265-0155-0

sábado, 8 de dezembro de 2007

boleiros

Cyro Knackfuss é um vizinho meu e também um colega da universidade. Nos encontramos quase sempre por acaso e trocamos breves comentários sobre a cidade, sobre a UFSM, sobre o condomínio (ele é conhecido por ser muito bem informado sobre tudo o que se passa por aqui). Eu sou senhor de gatos, ele é cachorreiro. Isto o obriga a dar passeios matinais e também nos finais de tarde com sua cadelinha e por sorte eu o encontro nestes momentos (e como ninguém está com pressa proseamos sempre um tanto). Recentemente ele publicou este pequeno livro de crônicas de futebol. Perdi a festa de lançamento. Todo mundo que esteve lá (e foi gente à beça) diz que foi uma grande festa. Achei o livrinho em uma banca de jornal e comprei. O mundo do futebol é muito particular e tem lá suas regras, suas tradições, suas histórias entranhadas. Cyro compilou uma série delas com muito bom gosto. Algumas já haviam sido publicadas no "Garganta do Diabo", do notório Grupo de Risco (Byrata, Elias, Orlando e Maucio). A maioria delas ele escreveu recentemente, certamente incentivado por algum colega dos campeonatos e das peladas de finais de semana. Há muita informação sobre os times de futebol de Santa Maria e região, sobre os campos de várzea, os causos de vestiário, os seres mitológicos que povoam qualquer memória daqueles que cultuam o futebol. O livro tem ilustrações de Byrata, Maucio, Huan e Elias (uma zaga reforçada, de respeito). Traz também apresentação e guardas de Orlando Fonseca e Márcio Grings (dois meia-armadores). As outras posições Cyro vai preenchendo com sua prosa: são jogadores, peladeiros, palpiteiros, juízes, cartolas e entusiastas do futebol que já passaram alguma vez pela baixada melancólica (nome carinhoso do estádio do Inter de Santa Maria). Belo livro para se conhecer um tanto da história santamariense. Parabéns Cyro. Um dia destes vou seguir no elevador e parar no doze para pegar uma dedicatória tua.
Cabeça-de-Bagre (Histórias de Futebol), Cyro Knackfuss, editora Manuzio, 1a. edição (2007)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

castelo branco

Se há uma coisa que faz a alma um grande bem é a leitura de um bom e honesto romance. Comprei este livro no sábado, na CESMA, meio preocupado até, pois estava com outros projetos já adiantados e não queria me dispersar muito. O Pamuk eu conheço do Neve, do Vermelho, do Negro, do Istambul (não terminei ainda estes dois últimos, fazer o quê). Este é o livro de estréia dele, escrito no final da década de 1970, quando ele tinha pouco mais de 25 anos. Os grandes temas dos romances, caros a muitos, estão lá: um manuscrito de origem duvidosa; o duplo; a busca de conhecimento; o jogo de espelhos; o poder dos sonhos; a religião e a ciência; o autor que conversa explicitamente com o leitor através do texto. Tentei me convencer de algumas metáforas: o contato entre religiões; o próprio Pamuk sendo o personagem dividido. Preciso pensar um tanto mais nisto. O que me impressiona neste sujeito dado a controvérsias (conheço muitos que não gostaram nem do Neve, nem de Meu Nome é Vermelho, apesar do meu repetido entusiasmo) é a capacidade de contar uma boa história a primeira vista bastante simples. A ação se passa no século 17, em Istambul, na órbita de paxás, vizires e sultões, mas também ao redor da gente simples dos bairros periféricos, das cidades pequenas do interior. Há um jogo mental entre os dois personagens principais, cada um tentando entender o outro e emular toda a vida do outro, como se (na metáfora do próprio Pamuk) nosso cérebro fosse formado de infinitas gavetas cujos conteúdos pudessem ser intercambiados entre os seres. Gostaria de levantar um outro ponto. Quando da publicação de Neve se falou um bocado sobre o fato da tradução ter sido feita a partir de uma tradução inglesa e não do apartir do original turco. Neste "Castelo Branco" a tradução é dita ter sido feita a partir de traduções francesa e inglesa. Acho que este fenômeno deve acontecer com outras línguas. De qualquer forma recomendo este livro sem a menor reserva.
"O Castelo Branco", Orhan Pamuk, tradução de Sérgio Flaskman, editora Companhia das Letras, 1a. edição (2007) ISBN: 978-85-359-1117-6

sete vidas



Este livro eu vi e comprei na hora, para dar de presente para minhas gatas catalanas. O livro é editado pela Cosac Naify, garantia de um volume com algo mais que letras impressas e uma boa história para se ler. O livro é repleto de belas ilustrações de Iran do Espírito Santo (meu amigo Navarra tem uma implicancia com o Iran, mas até que as ilustrações são bonitas - daí a ser arte grande é outra coisa). Os contos são miúdos, pequenos mesmo, mas todo gateiro vai entender logo o jogo proposto por ela. Podemos ficar horas tentando entender a posição do corpo e olhar de um gato, tempo de diversão, mas nossa compreensão sempre pode ser surpreendida pelas súbitas mudanças de humor deles. São histórias muito gostosas e tocantes. Espero que as meninas gostem tanto quanto eu este presentinho de natal (que vou postar ainda hoje). Tenho uma pilha de livros começados, encalhados, mal decifrados, quase lidos até, para serem terminados e resenhados. Será que estas esperadas férias vão me permitir colocar a leitura em dia? Veremos!
Sete Vidas, Heloisa Seixas, editora Cosac Naify, 1a. edição (2002) ISBN: 978-85-7503-172-4

ilhas austrais

Em junho eu já havia resenhado aqui um livro de O´Brian e havia dito que não havia gostado muito. Resolvi dar uma nova chance para o sujeito, afinal são vinte livros dedicado ao "Mestre dos Mares", sucesso no mundo da marinharia e dos romances históricos. Este último publicado no Brasil, "Expedição à Ilha Maurício", é muito bom. As reviravoltas, as descrições das batalhas, a análise da situação política da época e a arte do romance (afinal de contas estamos envolvidos nisto para ler uma boa história) tudo me pareceu muito satisfatório. A ação se dá no Oceano Índico desta vez, em torno de um conjunto de ilhas próximas a atual Madagascar, a grande ilha que um dia os portugueses sonharam manter no império colonial, mas que foi tomada pelos franceses. As batalhas descritas neste último livro se dão entorno das ilhas Maurício e Reunião e da cidade do Cabo da Boa Esperança, à época estratégico porto inglês. Apesar dos sucessos alcançados pelos ingleses no romance, Maurício é hoje um país independente e Reunião continua um departamento francês de além mar. Cronologicamente este é o quarto volume das aventuras de Jack "sortudo" Aubrey, com a patente provisória de comodoro. O enredo envolve batalhas reais que aconteceram por volta de 1810, durante as guerras napoleônicas. No romance vários outros capitães/personagens se envolvem nas batalhas e há uma honesta análise da psicologia dos personagens, demonstrando - ao menos para mim, um analista leigo dos mais pedestres - o refinado domínio de Patrick O´Brian em outros assuntos além da história náutica.
"Expedição à Ilha Maurício", Patrick O´Brian, tradução de Domingos Demasi, editora Record, 1a. edição (2007) ISBN: 978-85-01-075298-14

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

profundamente

Li este livro e ouvi este livro. Delícias duplas. Capa dura, costura, guardas, iconografia, ilustrações, belo projeto gráfico. Tudo está no lugar, pois esta é mais uma excelente edição da Cosac Naify. Neste belo livro estão coligidos 50 poemas de Manuel Bandeira. Além dos poemas há um generoso posfácio de Augusto Massi e Paulo Werneck e uma bibliografia das obras de Bandeira. Junto com o livro há um CD com 29 poemas lidos pelo próprio Bandeira. É curioso ler os poemas juntos com o ritmo e a entonação de seu inventor. O livro foi publicado originalmente em 1955 em uma coleção do Ministério da Cultura. As gravações são da mesma época, feitas para um selo carioca dedicado a gravações de poetas da época. Há nesta edição poemas que eu gosto muito pois me fazem lembrar de uma época quando lia Pedro Nava (um contraparente de Manuel Bandeira, aliás) que gostava de usar suas poesias em suas epígrafes. Li quase todos os poemas em um sábado de sol, apertando os olhos para enxergar melhor e pensando na vida e nos momentos da vida que podem ser capturados assim em um poema. Se alguém estiver na dúvida no que dar de presente de natal para uma pessoa querida esta é uma sugestão a ser considerada. Vou considerar este o meu presente de natal.
Manuel Bandeira, 50 Poemas Escolhidos pelo Autor, Manuel Bandeira, editora Cosac Naify, 1a. edição (2006) ISBN: 978-85-7503-434-0