quinta-feira, 1 de setembro de 2011

cuentos blancos

Junto com "Cuentos Negros", que já resenhei aqui, esse "Cuentos Blancos" é um generoso presente para os entusiastas das narrativas de Manuel Vázquez Montalbán. Encontramos nele 21 contos, publicados originalmente em jornais. O mais antigo é de 1982, o mais recente de 1999. O texto introdutório assinado por Georges Tyras apresenta a obra de Montalbán (não se trata do mesmo texto dos "Cuentos Negros", mas sim um outro, complementar a ele, muito bom mesmo). Nesses contos não há aventuras do cínico e cético Pepe Carvalho, mas encontramos aquelas digressões e descrições que acompanham todos os romances policiais de Montalbán. Talves aí esteja a magia destas narrativas, um poderoso equilíbrio entre a maquinaria típica das histórias de detetives e o olhar revelador sobre as virtudes e vícios da sociedade espanhola. Os temas são variados. Há textos irônicos, que brincam com aspectos da história da Espanha; textos engajados, que quase assumem uma função jornalística e/ou política, de denúncia; textos amalucados, inventivos mesmo, que brincam com a curiosidade do leitor; memórias sentimentais e líricas; textos que evocam festas populares, hábitos e tradições; textos que contrastam a cultura popular e a arte que se pensa mais sofisticada. O leitor eventualmente se surpreende ao encontrar material similar ao utilizado em alguns dos demais romances de Montalbán: "El estrangulador", "Yo maté a Kennedy", "El pianista", "El señor de los bonsáis". O mundo de Vazquez Montalbán é vasto e provocador. Suas histórias de detetives apenas a porta de entrada. Fico feliz em ter tido a chance de conhecer seus livros (foi doña Eliana Sturza quem me fez este regalo, tempos atrás, cousa boa). Agora só me restam as compilações de seus textos políticos, publicados recentemente. Vou guardá-los para os dias aborrecidos do próximo inverno. Agora parto por outras aventuras, pela meseta espanhola, pela Castilla - La Mancha. É tempo. [início 14/08/2011 - fim 30/08/2011]
"Cuentos blancos", Manuel Vázquez Montalbán, edicíon e introducción de Georges Tyras, Barcelona: Galaxia Gutenberg (Circulo de Lectores), 1a. edição (2011), capa-dura 13,5x21,5 cm, 254 págs. ISBN: 978-84-8109-916-4

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