segunda-feira, 24 de setembro de 2012

tenía mil vidas y elegí una sola

Publicado em 2008 por iniciativa do filósofo e escritor alemão Rüdiger Safranski, "Tenía mil vidas y elegí una sola" fez parte das comemorações dos 75 anos de Cees Nooteboom. Tanto a edição original quanto essa chamam o livro de "Breviário", que é o nome dos livros de horas, aqueles que reúnem ofícios que os sacerdotes católicos devem rezar diariamente. É um subtítulo muito apropriado para a função que esse livro pode ter para os entusiastas da prosa de Nooteboom. Podemos ler trechos aleatoriamente e ficar um tanto disfrutando cada um dos recortes que encontramos. Li e reli o livro, aos poucos, com renovado prazer, tentando emular o que já conhecia. Safranski compilou trechos de todas as obras publicadas por Nooteboom até 2008, começando com seu primeiro romance, "Phillip en de anderen", de 1954 e até chegar as crônicas publicadas originalmente em jornais e reunidos recentemente em livro, na Alemanha (Gesammelte Werke, Suhrkamp Verlag, 2003-2008). Além de trechos destas crônicas, de suas peças e seus romances, o livro inclui vários poemas, muito bons, interessantes mesmo. Já li um bocado de cousas dele, mas há muito material que foi traduzido para o espanhol pela primeira vez. Há vários Nooteboom reunidos no livro. O principal é calro, o Nooteboom viajante, que sintetiza muito habilmente suas impressões sobre a paisagem, a história e a personalidade os povos que encontra; mas há também o crítico de arte, que descreve tão bem os quadros ou a arquitetura que o leitor chega a sentir-se a seu lado em uma galeria ou museu; há o jornalista, o sujeito que enxerga as injunções políticas e econômicas do que vê; há o humanista, uma espécie de filósofo amador, que reflete sobre seu tempo; há o linguista, que usa sua erudição e conhecimento das línguas para interpretar o que lê e ouve pelo mundo; há o leitor disciplinado, que pontua seu texto com citações das mais variadas fontes, incentivando o leitor a compartilhar de suas impressões e por fim há o criador genial, que inventa mundos e fantasias, personagens e diálogos, sempre com maestria. Ainda tenho um último livro dele para ler, seu ensaio fotográfico sobre Zurbarán, mas este prazer deixarei para os dias vagabundos desta primavera, dias que prometem tanto. Será tempo de viajar. Pronto.
[início 11/08/2012 - fim 22/09/2012]
"Tenía mil vidas y elegí una sola: un breviario", Cees Nooteboom, Rüdiger Safranski (editor),  tradução de Francisco Carrasquer, Fernando García de la Banda, Pedro Gómez Carrizo, Julio Grande, Felip Lorda i Alaiz, Isabel-Clara Lorda Vidal, María Condor, Anne-Hélène Suárez Girard, ediciones Siruela (Nuevos Tiempos), 1a. edição (2012), brochura 14x21,5 cm, 150 págs. ISBN: 978-84-9841-824-8 [edição original: "Ich hatte tausend Leben und nahm nur eins. Ein Brevier" (Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag) 2008]

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